As pessoas que abusam da expressão: "E teve ele muita sorte..." metem-me espécie! Mesmo que um homem esteja num emaranhado de azar, há-de haver sempre alguém a dizer:"E teve ele muita sorte...". Imaginem um dia de trovoada, e o protagonista da história, (o Zé Tó) está a navegar na Internet, a consultar um site de teor agrícula, tractores, roçadoras, essas coisas... de repente o seu computador desliga-se. O Zé Tó vai consultar um técnico informático que lhe diz: " Isto foi a motherboard que queimou, e muita sorte teve o senhor em não se ter queimado mais nada...!" Não pá, no meu entender sorte era não se ter queimado nada! Agora se a trovoada danificou a motherboard o Zé Tó, teve AZAR!
Pensemos noutra situação: o Zé Tó, está no meio rural a cortar madeira com uma machada, quando... "slash" Corta-se no dedo indicador direito (porque o Zé Tó é esquerdino). Lá vai o desgraçado às urgências de Alguidares de Baixo, porque as de Panelas de Cima e as de Espátula-A-Velha já tinham encerrado. E o médico depois de suturar o corte, tenta animar o Zé Tó: "E muita sorte teve o senhor... Já viu se isto lhe apanhava um tendão?! Era bem pior!" Era pegar numa machada e espetá-la no dedo do médico, e depois dizer-lhe, enquanto ele coloria as paredes da sala em tons de vermelho: "É pá, e muita sorte tiveste tu, em eu não te aviar metade do dedo, para por na sopa!"
Nas aventuras rurais do Zé Tó, ele cai do tractor, parte os dois braços, tanto o direito com o esquerdo, e fica ali que parece um cesto de basket: a zona da tabela era o peito... A bola vinha, embatia na tabela, perdia velocidade devido às banhas, e assim entrava facilmente entre os dois braços do Zé Tó, que serviam de aro do cesto! Mas a prima do Zé Tó, que também é sua irmã tem algo a dizer: "E com o quedão, que deste, muita sorte tiveste tu, já viste se tinhas alguma coisa na espinha, ainda ficavas tetra... teta... pele... ainda ficavas numa cadeira de rodas!" A vida é bela... o homem vai ficar 2 meses sem puder realizar muitas acções importantes na vida de um homem do campo, como por exemplo lavar a louça, mas mesmo assim ainda consegue ser um homem de sorte!
O caso extremo: o Zé Tó morre porque o irmão, por descuido, ou simplesmente por causa do Tinto, lhe passa com a fresa por cima. (Agora o Zé Teve mesmo azar...). Se calhar não... É que na perspectiva do cunhado que também é seu pai:
"E mesmo assim, acho que teve sorte. Já viram se o rapaz ficava numa cama para a vida toda?! Não, isso não era viver..."
"É pá, pois é... e se fossemos ali a tasca da Gertrudes brindar com um tintinho à sorte do Zé Tó?!"- diz o amigo de infância do Zé Tó.
"É pá, isso é que era, pá! - diz o cunhado do Zé Tó, que também é seu pai - Vamos lá... à sorte do Zé Tó... que Deus o Tenha... Mas que era um homem de sorte, isso era, pá!
Texto que claramente evidencia o porquê de o valor da constante de Boltzmann ser: um virgula oitocentos e trinta e um vezes dez elevado a menos23 J/K, engendrado por:
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